Discurso no Comício de homenagem a Catarina Eufémia em Baleizão
19 de Maio de 1974
Nota: Primeiro comício em Baleizão após a Revolução de Abril de homenagem a Catarina Eufémia
É com profunda emoção que aqui, nestas terras onde viveu Catarina Eufémia, vemos unidas as massas trabalhadoras alentejanas na homenagem àquela que se tornou o exemplo e símbolo da trabalhadora de vanguarda e da mulher comunista.
Catarina morreu como deve saber morrer um membro do Partido. Morreu à frente das massas, encabeçando a luta de classe, defendendo os interesses vitais dos trabalhadores. Enquanto viva, Catarina serviu com a sua actividade a classe trabalhadora. Morta, continuou a servi-la pelo seu exemplo, inspirando sucessivas gerações no espírito de combatividade e de abnegação.
Catarina tornou-se uma lendária heroína popular, orgulho do glorioso proletariado rural alentejano, orgulho de todos os trabalhadores portugueses, orgulho do Partido.
O sacrifício de Catarina não foi em vão. Da terra portuguesa começam a brotar flores das plantas que Catarina regou com o seu sangue. Começam a alcançar-se objectivos pelos quais lutou e deu a vida Catarina.
Catarina lutou pela liberdade e a liberdade foi alcançada. Os outros ideais por que Catarina, a militante comunista, lutou, serão também alcançados.
Chegará o dia em que a Reforma Agrária entregará a terra dos grandes latifúndios àqueles que a trabalham.
Chegará o dia em que no Alentejo não mais haverá senhores e escravos. Sempre lutámos, lutamos e lutaremos para a conquista do poder pelos trabalhadores, para liquidar a exploração do homem pelo homem, para construir em Portugal a sociedade socialista. Nada e ninguém nos desviará deste caminho e caberá ao Povo Português dizer a última palavra. Caberá ao Povo Português escolher e construir o regime social e político em que deseja viver. Temos confiança em que o Povo português escolherá, finalmente, o socialismo.
Estes grandes objectivos não nos devem porém desviar dos objectivos essenciais imediatos. No momento presente, as tarefas fundamentais são liquidar completamente o fascismo, consolidar e alargar as liberdades, pôr fim à guerra colonial, prosseguir a democratização da sociedade portuguesa, realizar eleições livres e instaurar um regime democrático escolhido pelo próprio povo. Todas as nossas forças e energias se devem concentrar para alcançarmos estes objectivos e impedir que o fascismo volte.
Esta grande manifestação é prova da unidade e da força invencível dos trabalhadores alentejanos. Ela confirma que o glorioso proletariado rural alentejano tem um importante papel a desempenhar na construção da nova sociedade portuguesa. Esta manifestação é também - pela presença fraternal dos militares - uma prova da aliança das massas populares com as Forças Armadas.
Catarina caiu às balas de um oficial fascista. Mas hoje o Movimento das Forças Armadas restituiu o brio e a honra à farda dos soldados e marinheiros.
Aqui vemos connosco oficiais e soldados, filhos do povo, irmanados com o povo. Que jamais se quebre esta aliança, de que hoje depende o futuro. Unidos prossigamos o combate! Connosco está Catarina, estão todos aqueles que sacrificaram a vida pelo bem do povo trabalhador e pela liberdade.
Não deixemos mais que levante cabeça o fascismo que assassinou Catarina. Prossigamos unidos e confiantes na defesa dos legítimos interesses dos trabalhadores, no caminho da paz e da democracia.
O Partido Comunista Português, o partido de Catarina Eufémia, é uma criação do povo trabalhador e existe para servi-lo. Nós, comunistas onde quer que estejamos, nos locais de trabalho ou no Governo, não pouparemos esforços e daremos a vida se necessário, na defesa dos interesses, das aspirações, dos objectivos do povo trabalhador!
Viva a unidade da classe operária e das forças democráticas!
Viva a aliança das massas populares com as Forças Armadas!
Avante para novas vitórias!»